Os cientistas do Centro Europeu de
Pesquisas Nucleares (Cern) anunciaram nesta terça-feira, em um seminário
os resultados da pesquisa sobre a busca pela partícula “bóson de
Higgs”, chamada de “partícula de Deus”, em Genebra, na Suíça. Os
pesquisadores ressaltaram que não há dados suficientes para se confirmar
a sua ‘descoberta’.
Dois grupos de pesquisas independentes
que trabalham nessa busca, o Atlas e o CMS, apresentaram seus dados.
Segundo o Atlas, juntamente com a italiana Fabíola Gianotti, os
cientistas já excluíram a possibilidade de encontrar o Higgs entre as
partículas que têm entre 141 e 476 gigaelétron-volts (a unidade de
medida de energia que os físicos usam para medir a massa de partículas,
cujo símbolo é “GeV”). Se o Higgs existir, ele deve ter entre 115 GeV e
130 GeV de massa. De acordo com a cientista, o grupo conseguiu reduzir a
janela de probabilidade onde a partícula deve estar. Dentro dela, a
região onde estão partículas com 126 GeV de massa parece ter indícios
fortes da presença do Higgs .
Guido Tonelli, do CMS também apresentou
dados de sua equipe que disseram encontrar indícios do Higgs em uma
região um pouco abaixo, mas muito próxima, entre 123 GeV e 124 GeV de
massa.
O brasileiro Sérgio Guerra, da
Universidade Estadual Paulista (Unesp) e membro do grupo CMS sugeriu
cautela na análise dos resultados. “Os dados não são conclusivos, a
gente precisa lembrar sempre isso”, afirmou ele.
Segundo os estudiosos do Atlas, hoje há cinco vezes mais dados do que no momento da última conferência há seis meses.
Para explicar melhor a teoria das
partículas elementares do Universo, os físicos exemplificam como “Modelo
Padrão”. É o modelo que explica tudo que sabemos sobre o comportamento e
o surgimento dessas partículas, no entanto há uma interrogação muito
importante onde entra o ‘bóson de Higgs’: por que a maioria das
partículas tem massa? Esse fato é a razão pela qual qualquer coisa no
mundo tem massa, o Sol, os planetas, os seres humanos.
Diversos físicos, inclusive um britânico
chamado Peter Higgs, desvendaram um mecanismo teórico que tornaria
possível que as partículas ganhassem massa. Batizado de “mecanismo de
Higgs”, ele prevê a existência de um “campo” que interage com todos os
elementos do Universo, o que faz com que essa interação com as
partículas ganhem massa.
Mas para esse campo existir, de fato, é
preciso também que haja uma partícula especial e invisível. Daí os
físicos aplicaram essa proposta nos cálculos do Modelo Padrão para fazer
sentido. Por isso a partícula invisível foi batizada em homenagem a
Higgs.
Depois dessa tentativa de descoberta,
todas as outras partículas foram previstas através do Modelo Padrão e
encontradas, menos essa, que é tão importante para os cientistas, que
até construíram um gigantesco colisor de partículas na Europa ,
conhecido como “Grande Colisor de Hádrons”, a maior máquina já feita
pelo homem. Mas se ao invés de encontrá-la, os pesquisadores provarem
que ela não existe, então toda a teoria atual sobre a formação da
matéria no Universo precisará ser revista.
Fonte: Globo.com
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