quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Operação contra jogo do bicho prende ex-prefeito, PMs e contraventores

Mais de 30 pessoas foram presas. Acusados de serem líderes de grupos que exploram o jogo do bicho são ligados a escolas de samba

Trinta e sete pessoas foram presas na operação realizada nesta quinta-feira (15) pela Polícia Civil para desarticular uma quadrilha ligada ao jogo do bicho em seis cidades do Estado do Rio de Janeiro. Entre os presos está o ex-prefeito de Teresópolis, Mario de Oliveira Tricano, além de dois policiais militares e um guarda municipal.

Foto: Agência O Globo Ampliar
Agentes desceram de rapel do helicóptero da polícia na cobertura do prédio de Anísio Abraão David, patrono da Beija-Flor
De acordo com os policiais, as investigações da operação batizada de "Dedo de Deus” tiveram início há um ano. Na ocasião, a Polícia Civil recebeu denúncias de que comerciantes da região serrana do Estado Rio eram coagidos para a implantação de pontos de jogos de bicho.
Ao checar as denúncias, a polícia identificou a ligação de células responsáveis pela contravenção em Teresópolis, Petrópolis, Nilópolis, Duque de Caxias, São João de Meriti e Rio de Janeiro. Segundo a investigação, essas células trocavam favores e cada uma possuía um chefe.


Entre esses líderes estão Anísio Abraão David, presidente de honra e patrono da escola de samba Beija-Flor de Nilópolis; Luiz Drumond, presidente da escola de samba Imperatriz Leopoldinense; Hélio Ribeiro, presidente-administrativo da escola de samba Grande Rio, Yuri Soares; e Mario de Oliveira Trincano.
Foram expedidos mandados de prisão preventiva contra todos eles. Até o momento, apenas o ex-prefeito e de Teresópolis foi detido. Eles vão responder pelos crimes de contravenção, formação de quadrilha armada e corrupção ativa e passiva. As penas somadas podem chegar a 45 anos de reclusão.

Foto: O Globo
Policiais saem do prádio de Anísio Abraão David com o material apreendido na cobertura
Contraventores usavam “bicho eletrônico”
As investigações da Polícia Civil também identificaram ramificações da quadrilha em outros três Estados: Bahia, Pernambuco e Maranhão. Em Salvador foi localizada uma empresa que fornecia máquinas de cartão de crédito adaptadas para o jogo do bicho, chamados popularmente de “bicho eletrônico”.
Segundo a polícia, cada equipamento custava R$ 1.200 e substituía os antigos talonários para o apontamento das apostas. Além disso, burlavam os resultados.
“Se um número sorteado tivesse sido apostado por muitas pessoas, eles alteravam os resultados para não quebrar a banca”, afirmou o delegado da Corregedoria Interna da Polícia Civil, Felipe Bittencourt.
A empresa baiana também fornecia para o grupo criminoso chips e serviços de manutenção, além de um call center.
No Recife foi localizada uma gráfica que fornecia os talonários e dados dos apostadores mais antigos, não acostumados com o “bicho eletrônico”. Cerca de 90% do material encontrado nessa gráfica servia à contravenção.
“A empresa da Bahia não fornecia equipamentos apenas para o Rio, como para outras quadrilhas para outros Estados do Brasil também”, disse Bittencourt.
Um dos funcionários dessa empresa vinha com frequência ao município de Duque de Caxias e era convidado do camarote da Grande Rio.
A Polícia Civil também explicou, durante coletiva na sede da Acadepol, a necessidade do uso da técnica de rapel para a chegada dos agentes da Core na casa do contraventor Abraão David.
“Havia a informação de que a residência possuía portas blindadas. Precisávamos de agilidade porque as provas poderiam ser destruídas caso os agentes entrassem normalmente”, afirmou Bittencourt.
A polícia também realizou buscas nos barracões das escolas de sambas que seriam vinculadas à quadrilha. No barracão da Beija-Flor foram encontrados R$ 115 mil em dinheiro. Durante a operação, também foram apreendidas R$ 517 mil, joias, obras de arte, além de documentos que coloboram com a investigação.

 Fonte IG

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