terça-feira, 22 de novembro de 2011

Novos Ares - Consciência Negra e Democracia


Manifestante em passeata do Dia da Consciência Negra, na Avenida Paulista, em São Paulo
Manifestante em passeata do Dia da Consciência Negra, na Avenida Paulista, em São Paulo
Zulu Araújo

De Brasília (DF)
Ainda bem que conquistamos a democracia, mesmo sabendo que ainda lhe falte o conteúdo necessário para a considerarmos substantiva, foi um avanço e tanto termos a chamada democracia burguesa reinstalada no Brasil. É neste novo marco democrático que tivemos inscrito na Constituição promulgada em 88, o artigo 68 que reconheceu as terras remanescentes de quilombos, criando a base legal e constitucional para que o Presidente Lula sancionasse o Decreto 4887/2003, que regulamentou a certificação e titulação de milhares de territórios remanescentes de quilombos no Brasil. É também na Constituição de 88, onde a prática do racismo passa a ser considerada crime inafiançável e imprescritível, o que dá lugar a criação da Lei Caó e posteriormente ao Estatuto da Igualdade Racial. Ambas ferramentas ainda são frágeis para as nossas necessidades, haja visto que quase ninguém foi punido por racismo em nosso país até hoje, mas não deixa de ser um avanço. Temos ainda inscrito na Carta Magna de 88, de que é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos, garantidos na forma da lei.
Claro que muitos dos princípios invocados acima e que estão assegurados na Constituição Federal, carecem de concretude no nosso dia a dia. E para transformá-los em realidade será necessário aprofundarmos o processo democrático e não negá-lo. Mas também é verdade que, sem esses pressupostos básicos, dificilmente teríamos conquistado os avanços na luta contra o racismo e a discriminação que tivemos até o momento. Por isto mesmo, vale a pena afirmar que democracia é bom, engorda e faz crescer.
Axe!
Toca a zabumba que a terra é nossa! Viva Zumbi!

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