O representante da
Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Otávio Oliva, disse que a
doença pode voltar a atingir o Brasil e outros países em forma de
pandemia. “O risco de uma pandemia de H1N1 é o mesmo de antes. Pode ser
um outro vírus da influenza que seja novo para a população, que o
sistema imune das pessoas não reconheça. É um vírus extremamente
traiçoeiro e pode nos pegar de surpresa”. A Opas funciona como
escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o
continente americano.
Para evitar o
que aconteceu há dois anos, quando o governo foi surpreendido pela
pandemia da gripe, a pesquisadora Marilda Siqueira, chefe do Laboratório
de Vírus Respiratórios do Instituto Oswaldo Cruz, disse que o Brasil
precisa aperfeiçoar o seu sistema de alerta.
“O
Brasil está com um sistema que precisa ser muito melhorado. Não está
sendo homogêneo em termos de coleta de amostras e dados. E isso leva a
que não se tenha um conhecimento completo sobre o que está acontecendo
no país com o vírus Influenza. Nem todos os estados estão com um bom
sistema de vigilância”.
A
pesquisadora disse que existe a possibilidade do vírus adquirir
resistência aos remédios atualmente disponíveis, o que agravaria a
situação. “O desafio é bem grande, porque para o controle do vírus
Influenza nós temos basicamente dois mecanismos. Por meio das vacinas,
que normalmente são mudadas a cada ano, e os (remédios) antivirais para
os quais os vírus sejam sensíveis”.
Segundo
ela, vírus acabam adquirindo resistência aos medicamentos depois de um
certo tempo. A primeira classe de remédios utilizada contra a influenza,
batizada de Adamantanos, se mostrou ineficaz contra a doença após cerca
de oito anos de uso.
“A resistência
depende muito do quanto e de como se usa o antiviral na população. Se
usar somente em alguns pacientes, tem possibilidade da resistência
demorar mais a aparecer, do que se usar em larga escala na população em
geral. Uma das explicações é que alguns países estavam aplicando uma
dosagem menor, o que favoreceu a resistência.”
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